FESTIVAL TERRAS SEM SOMBRA EM ODEMIRA,
COM “SONS QUE DESCEM DO CÉU”
E UM OLHAR SOBRE O HORIZONTE MARÍTIMO
Acção patrimonial decorre sob o tema “A vila de Colos: os desafios da interioridade na sede de um antigo concelho manuelino”
Acção de Salvaguarda da Biodiversidade propõe alargar o olhar sobre o horizonte marítimo: “Crónicas das aves e dos homens: da migração outonal das aves à cultura mirense dos homens”
Momento maior deste fim-de-semana é o concerto que, na noite de 12 de Outubro (21h00), decorre na igreja da Misericórdia, no coração da vila alentejana. O programa musical, subordinado ao tema “Sons que descem do céu: música para harpa a solo (séculos XIX/XXI)”, reserva a estreia mundial da peça escrita pela compositora austríaca Monika Stadler. Impressões Alpinas (2024), desafia-nos a uma incursão repleta de texturas, entretecidas em novas dimensões da música para harpa. A peça da criadora vienense encontra na noite de Odemira o talento de uma grande harpista compatriota. Nascida em 1991, em Viena, capital austríaca, Elizabeth Plank metamorfoseia a harpa num solo moderno e vibrante. A intérprete, reconhecida internacionalmente, dá a conhecer um repertório que atravessa os séculos e explora obras esquecidas, redefine contextos históricos e valoriza a música contemporânea.
Odemira tem o privilégio, assim, de acolher uma artista, também professora de Harpa na Universidade de Música e Artes Performativas de Viena, que se destaca nos principais auditórios, teatros e festivais da Europa, Japão e América Latina. O serão de 12 de Outubro apresenta um repertório assente em nomes como os de Charles Nicholas Bochsa, Carolina Noguera ou Konstantia Gourzi, mestres incontestáveis da música para harpa.
Odemira expressa a feição do seu território num diálogo permanente entre a Terra e o Mar. A actividade dedicada à Salvaguarda da Biodiversidade a decorrer no domingo, 13 de Outubro (9h30), lança um olhar aos horizontes oceânicos e aos céus odemirenses. O Cabo Sardão, promontório colossal, acolhe a actividade “Crónicas das aves e dos homens: da migração outonal das aves à cultura mirense dos homens”. Com ponto de encontro agendado para Cavaleiro (Ponta da Carranca/Ponta do Cão), esta acção tem como guia o reconhecido fotógrafo de Natureza, Dinis Cortes, grande conhecedor da região.
É na voz do próprio que fica o convite para esta actividade: “as aves migratórias da Europa possuem corredores no regresso a África, em período outonal, que incluem a trajectória descendente ao longo da costa portuguesa até Sagres onde se reagrupam para rumar a Gibraltar/Tarifa. Aí, atravessam para o continente africano. No entanto, algumas delas saem directamente em Sagres e em todo o Algarve para o Mar e alcançam Marrocos e a Mauritânia. O Cabo Sardão é uma plataforma privilegiada para observar aves marinhas na sua deslocação para sul”.
No decorrer da actividade, os participantes são convidados a adentrarem-se num segundo tema: a Cultura Mirense, centrada no denominado Mesolítico. “Na Costa Vicentina, entre Sines/Samouqueira/Porto Covo e Sagres, prolongando-se pelo Algarve até ao Burgau, surge uma cultura única, verdadeiramente "vicentina", denominada Cultura Mirense e caracterizada pela ocupação do território em praias ou patamares sobranceiros ao mar, prática intensiva de marisqueiro, aparecimento de concheiros estratificados por sucessivas fases de consumo intensivo de bivalves, presença de restos de estruturas de lareiras enquadradas por pedras nas áreas dos patamares. O ex-libris desta cultura é o denominado ‘machado mirense’, multifacetado e de formas e talhe variados, mas que teria funções de corte, escavação, desmembramento de reses e inclusive percussão”, conclui Dinis Cortes.
O Festival Terras sem Sombra agenda novas actividades a 26 e 27 de Outubro no concelho de Sines. Toda a programação da presente temporada pode ser consultada na página Programa.
SONS QUE DESCEM DO CÉU:
MÚSICA PARA HARPA A SOLO
(SÉCULOS XIX/XXI)
Rondeau sur le trio «Zitti Zitti» du Barbier de Seville
Sidereal lullabies (2024)
Une châteleine en sa tour, op. 110
Adagietto da Sinfonia n.º 5 para harpa solo (arr. Elisabeth Plank)
Impressões Alpinas (2024) {Estreia mundial}
I. The Summit’s Tranquility
II. Mountain Morning
Atlantis 2 – Seven Miniatures for Harp, op. 42 (2024)
I. Jasmine
II. Wind in April
III. Rose
IV. A light in the Darkness
V. Love
VI. Ritual Dance
VII. Lulling to sleep
Ballade fantastique d’après «Le cœur rélévateur» d´Edgard Poe
PARCEIROS